Por Guilherme M. Fernandes e Tadeu F. dos Santos.
Para compreender melhor sobre afogamento, é importante ter em mente algumas definições:
A Organização Mundial de Saúde (OMS)
define afogamento como a aspiração de líquido não corporal causada por
submersão ou imersão. O que é diferente de aspiração que é a entrada de
líquido pelas vias aéreas (Traqueia e pulmões).
CLASSIFICAÇÃO DO AFOGAMENTO:
Quanto a Gravidade do Afogamento (permite
saber a gravidade e o tratamento):
Tabela 1. Fonte: www.sobrasa.org
O fator mais importante que determina o prognóstico do afogado é o
tempo decorrido da hipóxia. Se a vítima não for ventilada rapidamente, pode
ocorrer uma parada cardiorrespiratória. É importante lembrar que o cérebro e os
pulmões são sensíveis mesmo a períodos curtos de hipóxia e podem sofrer lesões
irreversíveis. A causa mais comum de morbimortalidade em afogados é a
encefalopatia anóxica, com ou sem edema cerebral.
PREVENÇÃO
É muito importante evitar os locais de corrente de retorno e ensinar a
população sobre isso, já que o assunto é pouco conhecido. Esses são os locais
mais perigosos, onde acontece a maior parte dos afogamentos.
CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA DO AFOGAMENTO
Fonte: www.sobrasa.org
Como atuar frente
a um possível afogamento?
1º passo :
Identificar a necessidade de socorro -
Vítimas com expressão facial assustada/desesperada, principalmente
próximas a correntes de retorno; Vítimas que afundam e voltam a flutuar em pé ;
Quando há batidas de braços e pernas sem o deslocamento;
2 º : Assim
que identificada a necessidade de socorro, peça alguém/chame o salva-vidas ou
ligue 193 ( corpo de bombeiros) JAMAIS TENTE SOCORRER SOZINHO CASO ESTEJA
INSEGURO, TENDO EM VISTA A POSSIBILIDADE DE O SOCORRISTA VIRAR OUTRA VÍTIMA.
E se você for a vítima ?
-Tente
manter a calma: uma causa de morte é o desgaste pela luta contra a correnteza.
-Mantenha-se
flutuante e acene por socorro: A recomendação de gritar é somente se for
audível, ao contrário pode aumentar as chances de aspiração de água;
-No mar, é
recomendável não nadar contra a correnteza, mas a favor dela. Fora do alcance
da arrebentação.
-Já em rios
ou enchentes, tente chegar a margem usando a correnteza ao seu favor, evitando alcança-la
perpendicularmente.
Se você for socorrista:
·
Decida o
local por onde melhor irá atingir a vítima
·
Tente
realizar o socorro sem entrar na água
·
Em curtas
distâncias e em piscinas, rios ou lagos ofereça um galho, cabo de vassoura ou
similar e em priorize oferecer o pé invés da mão, pois é mais seguro.
·
Se a vítima
estiver de 4 – 10 metros ( rios, encostas , canais) atire uma bóia (garrafa
pet, bola) amarrada em uma corda . Espere a vítima amarrar-se a esse
instrumento e então puxe-a.
Se você encontra-se apto para entrar na água e
socorrer:
·
Avise alguém
que você entrará na agua;
·
Leve consigo
algum material de flutuação, se possível ;
·
Entre na
água sempre tendo a vítima em sua visão;
·
Pare
aproximadamente 2m da vítima e lhe entregue o material de flutuação ;
·
Não permita
que a vítima chegue muito perto, de forma que possa lhe agarrar;
SUPORTE BÁSICO DE VIDA DENTRO DA ÁGUA
Fonte: www.sobrasa.org
O transporte da água para a areia: O transporte ideal da água para a areia é a técnica Australiana. Este
tipo de transporte reduz a incidência de vômitos e permite manter as vias
aéreas permeáveis durante todo o transporte.
-Coloque seu braço esquerdo por sob a axila
esquerda da vítima e trave o braço esquerdo.
-O braço direito do socorrista por sob a axila
direita da vítima segurando o queixo de forma a abrir as vias aéreas,
desobstruindo-as, permitindo a ventilação durante o transporte.
Em casos suspeitos de trauma cervical, utilize
sempre que possível a imobilização da coluna cervical durante o transporte até
a areia ou a borda da piscina. Quando possível utilize uma prancha de
imobilização e colar cervical, ou improvise com prancha de surf.
Foto 5: Imobilização de coluna
cervical
Fonte –
Szpilman – 2002
SUPORTE DE VIDA EM ÁREA SECA
1º – Avalie a segurança de cena e
utilize EPI, sempre que possível.
2º - Cheque a resposta da vítima perguntando,
“Você está me ouvindo?” A vitima deve ser colocada em posição paralela a água,
de forma que o socorrista fique com suas costas voltada para o mar, e a vítima
com a cabeça do seu lado esquerdo antes de checar a resposta. A cabeça e o tronco devem ficar na mesma
linha horizontal.
A água que foi aspirada durante o afogamento
não deve ser retirada, pois esta tentativa prejudica e retarda o início da
ventilação e oxigenação do paciente, além de facilitar a ocorrência de vômitos.
Coloque em posição lateral de segurança, sobre o lado direito e aplique o
tratamento apropriado para o grau de afogamento (veja tabela 1). Avalie então
se há necessidade de chamar o socorro avançado (ambulância) e aguarde o socorro
chegar.
3º Se não houver resposta da vítima
(inconsciente) – Ligue 193 ou peça a alguém para chamar a ambulância ou o
guarda-vidas;
Após isso prossiga com o ABC da vida
A – Abertura de vias aéreas e
estabilização da cervical
B- Ver, ouvir e sentir -ouça e sinta
a respiração e veja se o tórax se movimenta. Se houver respiração é um caso de
resgate, ou grau 1, 2, 3, ou 4. Coloque em posição lateral de segurança e
aplique o tratamento apropriado para grau. Se não houver respiração – inicie 5
ventilações boca-a-boca. Obstrua o nariz utilizando a mão (esquerda) da testa,
e com os dois dedos da outra mão (direita) abra a boca e realize 5 ventilações
boca-a-boca iniciais observando um intervalo entre cada uma que possibilite a
elevação do tórax, e logo em seguida o seu esvaziamento.
C- Circulação - Veja o pulso central
e identifique se está presente. Caso esteja e o paciente não respirar, seguir
com as ventilações conforme item B. Caso não esteja presente deve-se iniciar
RCP ( 30 compressões x 2 ventilações)
Deve-se prosseguir as manobras até
que :
a - Haja resposta e retorne a
respiração e os batimentos cardíacos. Coloque então a vítima de lado (figura) e
aguarde o socorro médico solicitado;
b – Você entregue o afogado a uma
equipe médica; ou
c – Você fique exausto.
Referências:
1 -
SZPILMAN, D . Manual dinâmico de Afogamento - Ano 2013. Publicado on-line em www.sobrasa.org. Acesso : novembro 2017.
2- SZPILMAN,
D. Manual de Emergências Aquáticas. Sociedade Brasileira de Salvamento
Aquático. Publicação on-line em : www.sobrasa.org/new_sobrasa/?page_id=5300,
acesso : nov/2017.
3- SZPILMAN,
D. Afogamento – Perfil epidemiológico no Brasil. Disponível em:http://www.sobrasa.org/locais-de-obitos-por-afogamento-no-brasil-estimativa-sobrasa-2014.Acesso
em: nov/2017
4- SZPILMAN,
David.Afogamento. Rev Bras Med Esporte [online].
2000, vol.6, n.4, pp.131-144. ISSN 1517-8692.
http://dx.doi.org/10.1590/S1517-86922000000400005. Acesso : Nov/2017