Saturday, September 2, 2017

Princípios da Reanimação Cardiopulmonar

Por Luan Rodrigues Abdallah e Yves Pacheco Dias March e Souza

     
Introdução


    A Parada Cardiorrespiratório (PCR) é a cessação violenta das funções cardiológica, respiratória e neurológica, sendo identificada pela ausência de pulso e respiração ausente ou anormal. Dados estatísticos mostram que ela é a principal causa de morte nos Estados Unidos, Europa e Canadá e uma das principais no mundo. Sua chance de sobrevivência, após o evento, varia de 2% a 50%, dependendo do ritmo cardíaco original e do início precoce de reanimação.
   Deve-se ter em mente que a finalidade principal da Reanimação Cardiopulmonar (RCP) é promover a circulação artificial de sangue oxigenado pelo organismo, especialmente para o cérebro e o coração, até as funções vitais retornarem espontaneamente.
Em situações de emergência, a avaliação da vítima e seu atendimento devem ser realizados de forma rápida, objetiva e eficaz, proporcionando aumento da sobrevida e a redução de sequelas. O suporte básico de vida (SBV) inclui etapas de socorro à vítima em situação de emergência que represente risco à vida e, em sua maioria, esse atendimento pode ser iniciado no ambiente pré-hospitalar.
   O SBV é definido como sendo a abordagem inicial da vítima, realizada por leigos capacitados ou profissionais da saúde, abrangendo desobstrução das vias aéreas, ventilação e circulação artificiais. Acrescentam-se a essas manobras de ressuscitação o acesso precoce ao sistema médico de emergência, o atendimento avançado e a desfibrilação precoce. O SBV consiste em etapas realizadas sequencialmente e incluem, em cada fase, uma avaliação e uma intervenção


  Atualização das Diretrizes de RCP

As diretrizes que regem situações de emergência atuam de forma substancial no intuito de otimizar e facilitar as condutas em reanimação cardiorrespiratória. No entanto, o que se observa é o desconhecimento e a falta de preparo de muitos profissionais de saúde e de grande parte da população em geral acerca do assunto.
Considerando que grande parte do sucesso da reanimação se deve ao rápido reconhecimento e ativação do Sistema Médico de Emergência (SME), ao imediato início das manobras de RCP e à precoce desfibrilação, tanto a população leiga quanto profissionais de saúde - é importante que esses conheçam tanto o protocolo extra-hospitalar quanto o intra-hospitalar - devem saber atuar satisfatoriamente diante de uma vítima de parada cardiorrespiratória.


  1. Em parada cardiorrespiratória extra-hospitalar (PCREH)



     Para profissionais da saúde

1-    Avaliar a segurança do local;
2-    Verificar responsividade do paciente;
3-    Acionar Serviço Médico de Emergência (192);
4-    Estabilização da cervical e abertura das vias aéreas;
5-    Verificar a respiração;
6-    Verificar pulso central;
7-    RCP.

     Técnica de RCP

1-    Colocar a vítima deitada em uma superfície reta, como o chão;
2-    Coloque a palma da mão (região hipotenar) sobre o esterno;
3-    Coloque a segunda mão acima da primeira com os dedos entrelaçados;
4-    Posicione seu corpo de forma que seus braços fiquem em um ângulo de 90º com o tórax da vítima, sem flexionar os cotovelos;
5-    Iniciar Compressões.






     RCP de Qualidade

1-    Compressões com profundidade de 5 a 6 cm;
2-    Frequência de 100 a 120 compressões/min;
3-    Permitir retorno total do tórax após cada compressão;
4-    Minimizar as interrupções nas compressões (máximo 10 segundos);
5-    Ventilar adequadamente (2 respirações após 30 compressões, cada respiração administrada em 1 segundo, provocando elevação do tórax);
6-    Continue as compressões até a chegada do SME ou a troca do socorrista.




     Para leigos
Em caso de o socorrista não ser um profissional da área de saúde, recomenda-se que o mesmo saiba reconhecer imediatamente a ausência de resposta da vítima, acione o SME e inicie a RCP caso a vítima não responda, não esteja respirando ou com dificuldade para respirar (gasping). Sendo assim, a sequência recomendada para o socorrista é de iniciar as compressões torácicas antes de aplicar as ventilações de resgate (C-A-B em vez de A-B-C), para reduzir o tempo até a primeira compressão. O socorrista deve começar o RCP com 30 compressões torácicas intercaladas por duas respirações.
O protocolo de RCP para socorristas leigos procura minimizar o tempo despendido até o início das compressões, que constituem a parte mais importante do procedimento. É importante, todavia, que esses socorristas executem a RCP com qualidade, seguindo as recomendações de frequência e profundidade nas compressões. Para isso, também é importante que o atendente do SME saiba disponibilizar instruções imediatas sobre as manobras para a pessoa ao telefone.



     Desfibrilador Externo Automático (DEA)
As novas diretrizes da American Heart Association para RCP recomendam implantar os programas de Acesso Público a Desfibrilação (APD) para pacientes com PCREH em locais públicos onde haja uma probabilidade relativamente de PCR presenciada, por exemplo, aeroportos, cassinos e instalações esportivas.
Em PCRs de adultos presenciada, quando há um DEA disponível imediatamente, deve-se usar o desfibrilador o mais rápido possível. Em adultos com PCR sem monitoramento ou quando não houver um DEA prontamente disponível, deve-se iniciar RCP enquanto o desfibrilador é obtido e aplicado, tentando a desfibrilação, se indicada, assim que o desfibrilador estiver pronto para o uso.
1-    Certifique-se que não há poças ou água parada perto do procedimento;
2-    Ligue o DEA. Ele deve ter comandos de voz que indicam o que deve ser feito;
3-    Exponha completamente o tórax da vítima;
4-    Prenda as pás aderentes com os eletrodos no tórax da vítima (o próprio dispositivo informa os locais de inserção das pás);
5-    Certifique-se que ninguém esteja tocando a vítima;
6-    Pressione “analisar” no aparelho. Caso o ritmo seja chocável, o DEA informará o início do processo de desfibrilação; caso não seja chocável, reinicie RCP por 2 minutos até ser avisado pelo dispositivo para verificação do ritmo.






II.        Em parada cardiorrespiratória intra-hospitalar (PCRIH)




1-    Vigilância e Prevenção

Pacientes no ambiente hospitalar dependem de um sistema de vigilância adequado a fim de prevenir a PCR, mas, caso a PCR ocorra, é preciso uma interação harmoniosa dos vários departamentos e serviços da instituição e de um time multidisciplinar de profissionais, que inclua médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, entre outros (time de resposta rápida).

2-    Reconhecimento e acionamento imediato do SME

Profissional de saúde deve reconhecer a PCR (responsividade, respiração e pulso) e solicitar ajuda a equipe médica imediatamente que deve trazer um carro de emergência e um DEA/desfibrilador. Iniciar imediatamente a sequência de atendimento C-A-B.

3-    RCP imediata e de alta qualidade

Após o acionamento do serviço médico, deve-se iniciar as compressões torácicas e ventilação em todos os pacientes com PCR, seja por causa cardíaca ou não cardíaca.

4-    Rápida desfibrilação

               Realizar rápida desfibrilação


Conclusão

     Quando a RCP é realizada de forma eficaz, as taxas de sobrevida chegam a 50%. Em contrapartida, estudos indicam que as chances de sobrevivência da vítima diminuem cerca de 10% a cada minuto em que ela não é realizada. Para que haja uma RCP eficaz, que melhore as taxas de sobrevida, é necessário o rápido reconhecimento da PCR e o início imediato das manobras de RCP. Entretanto, muitas vezes, a falta de capacitação retarda a reanimação até a chegada de um profissional da saúde. E, em nossa realidade, nem sempre a chegada de um profissional indica RCP adequada.
O público leigo deve ser capacitado de forma a tentar simplificar as diretrizes e fixar de forma sistemática as recomendações, para aplicar os conhecimentos quando necessário. Também se deve ressaltar a importância de orientar esse público quanto à necessidade de acionar o Serviço Médico de Urgência, que é uma etapa frequentemente negligenciada devido à falta de informação ou nervosismo no momento da parada. Deve-se orientar também sobre o benefício da realização de massagens cardíacas mesmo sem as ventilações, pois muitas pessoas não realizam massagens isoladas com receio de adquirir doenças infectocontagiosas ou por não saberem a importância dessa manobra.






REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
  1. LYRA, Priscila Fiusa et al . Programa de educação em reanimação cardiorrespiratória: ensinando a salvar vidas. Rev. bras. educ. med.,  Rio de Janeiro ,  v. 36, n. 4, p. 570-573,  dez.  2012 .   Disponível em . acessos em  27  ago.  2017.  http://dx.doi.org/10.1590/S0100-55022012000600018
  2. PERGOLA, Aline Maino; ARAUJO, Izilda Esmenia Muglia. O leigo em situação de emergência. Rev. esc. enferm. USP,  São Paulo ,  v. 42, n. 4, p. 769-776,  dez.  2008 .   Disponível em . acessos em  27  ago.  2017.  http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342008000400021
  3. Eccguidelines.heart.org. (2017). CPR & ECC Guidelines – ECC Guidelines 2015. [online] Available at: https://eccguidelines.heart.org [Accessed 27 Aug. 2017].