Por Juliana Gregório Avelar e Matheus Carvalho Silva
INTRODUÇÃO
E DEFINIÇÕES
Na
avaliação inicial do paciente crítico, na emergência ou na UTI, o manejo da via
aérea para garantir uma ventilação e oxigenação adequada é essencial. A
intubação de sequência rápida (ISR) é considerada a melhor técnica para intubação,
pois minimiza os riscos de regurgitação e aspiração de conteúdo gástrico. Necessita
de habilidade manual e conhecimentos farmacológicos de drogas hipnóticas,
sedativas e relaxantes musculares. Vamos tentar abordar resumidamente os
principais pontos em relação a esse assunto fundamental para todo médico.
INTUBAÇÃO
OROTRAQUEAL (IOT)
A intubação orotraqueal é um
procedimento realizado em muitas situações de emergência, que visa à colocação
de um tubo no interior da traqueia para assegurar um suporte ventilatório
eficiente e seguro.
O paciente deve ter um acesso venoso de bom calibre e estar devidamente monitorizado.
O paciente deve ter um acesso venoso de bom calibre e estar devidamente monitorizado.
MATERIAIS
Além do laringoscópio, são necessários tubos endotraqueais de diferentes tamanhos (o tubo deve ser o maior possível; em geral, tubos 7,5 a 8,0 para mulheres e 8,0 a 8,5 para homens), dispositivo bolsa-válvula-máscara, aspirador, seringa de 20 mL, um fio-guia, máscara facial, óculos, luvas estéreis, cânula orofaríngea, ventilador previamente testado e estetoscópio. Vale lembrar que a equipe deve estar preparada para agir em caso de parada cardiopulmonar e para casos de via aérea difícil, em que o uso de máscara laríngea ou cricotireiodostomia de emergência podem ser necessários.
INDICAÇÕES
Três
perguntas são fundamentais na tomada de decisão sobre intubar ou não um
paciente.
- Há dificuldade em manter a via área pérvia ou protegida?
- Há dificuldade em manter a ventilação ou oxigenação?
- Há algum sinal que indique um curso clínico desfavorável para as vias áreas?
TÉCNICA
Primeiro
se deve posicionar corretamente o paciente, colocando um coxim na região
occipital para alinhar os eixos faríngeo, laríngeo e oral, com hiperextensão da
cabeça.
O
emergencista deve segurar o laringoscópio com a mão esquerda e abrir a boca do
paciente com a mão direita. Em seguida, introduzir a lâmina do laringoscópio
pela borda direita da boca do paciente, até que a lâmina se insira na valécula
(lâmina curva) ou ultrapasse a epiglote (lâmina reta). Nesse momento, o cabo
deve ser tracionado para CIMA e para FRENTE. É muito importante não realizar o
movimento de alavanca, que pode causar traumatismo dentário.
Assim
que visualizar as cordas vocais, o médico deve passar o tubo endotraqueal. A
borda proximal do balonete deve ultrapassar as cordas vocais. Confirmar a
introdução correta do tubo pela visualização de vapor de água no tubo, expansão
bilateral do tórax e pela ausculta primeiro do epigástrio e depois das bases
pulmonares e campos médios axilares esquerdo e direito. A confirmação com capnografia é
obrigatória, mas nem sempre está disponível nas emergências. Depois de
confirmada a correta posição do tubo, inflar o balonete com não mais do que 20
mmHg de pressão e fixar o tubo.
Por
fim, deve-se solicitar uma radiografia de tórax para confirmar o posicionamento
do tubo (3 a 5cm da carina) e diagnosticar eventuais complicações.
POSSÍVEIS
COMPLICAÇÕES
INTUBAÇÃO DE SEQUÊNCIA RÁPIDA (ISR)
A
intubação de sequência rápida tem como característica a administração de um hipnótico e um bloqueador neuromuscular após um
curto período de pré-oxigenação.
Dividimos a ISR em algumas etapas:.
Preparação
É o
momento de definir as drogas a serem utilizadas, de acordo com as
características do paciente, para colocá-las em seringas identificadas. Deve-se
também verificar o funcionamento do laringoscópio (se certificar de que a luz
está branca) e testar também o tubo. O aspirador da sala deve estar preparado com uma sonda
estéril. O paciente deve estar com monitorização da pressão arterial,
cardioscopia, acesso venoso e oximetria de pulso. O uso de capnógrafo de onda é sempre
desejável.
Pré-oxigenação
Caracterizada
pela oferta de oxigênio a 100% ao paciente por aproximadamente três minutos.
Isso permitirá a desnitrogenação das vias áreas e um maior tempo de apneia do
paciente durante a intubação sem que ocorra dessaturação.
Pré-tratamento
Existem duas drogas de destaque. O Fentanil, que atenua a descarga adrenérgica e é principalmente indicado em casos de síndromes coronarianas agudas, dissecção aguda de aorta, hipertensão intracraniana ou AVE hemorrágico. Ou a lidocaína, que atenua a hiperreatividade das vias áreas, indicada para pacientes com hipertensão intracraniana ou broncoespasmo.
Paralisia e Indução
A Quetamina promove analgesia, amnésia e sedação e é a droga de escolha em
pacientes com broncoespasmo, pois possui propriedades broncodilatadoras. Tende
a aumentar a pressão arterial, portanto é contra-indicada em pacientes com
cardiopatia isquêmica, emergências hipertensivas ou casos de dissecção aguda de
aorta.
O Propofol é um hipnótico que pode causar venodilatação e
depressão miocárdica.
O Tiopental é um barbitúrico que tem o efeito mais rápido e previsível, com menos instabilidade hemodinâmica que o propofol. No entanto, é pouco disponível e pode haver sequelas prejudiciais caso haja extravasamento ou injeção intra-arterial.
Midazolan é um benzodiazepínico que causa significativa depressão miocárdica e respiratória e tem lento início de ação.
Em relação aos bloqueadores neuromusculares, a Succinilcolina é a droga mais usada na ISR. É despolarizante, tem rápido início de ação (menos de um minuto) e curta duração (menos de 10 minutos). Deve ser evitada em casos de hipercalemia ou rabdomiólise.
O Rocurônio é não despolarizante e é uma opção quando existe contra indicação para a succnilcolina ou quando o paciente pode evoluir com hipercalemia.
Em paciente em choque, uma dose muito modesta de hipnótico pode ser suficiente, pois essas drogas podem levar ao colapso circulatório e parada cardíaca. Medicações para ressuscitação cardiopulmonar devem estar prontamente disponíveis.
O Tiopental é um barbitúrico que tem o efeito mais rápido e previsível, com menos instabilidade hemodinâmica que o propofol. No entanto, é pouco disponível e pode haver sequelas prejudiciais caso haja extravasamento ou injeção intra-arterial.
Midazolan é um benzodiazepínico que causa significativa depressão miocárdica e respiratória e tem lento início de ação.
Em relação aos bloqueadores neuromusculares, a Succinilcolina é a droga mais usada na ISR. É despolarizante, tem rápido início de ação (menos de um minuto) e curta duração (menos de 10 minutos). Deve ser evitada em casos de hipercalemia ou rabdomiólise.
O Rocurônio é não despolarizante e é uma opção quando existe contra indicação para a succnilcolina ou quando o paciente pode evoluir com hipercalemia.
Em paciente em choque, uma dose muito modesta de hipnótico pode ser suficiente, pois essas drogas podem levar ao colapso circulatório e parada cardíaca. Medicações para ressuscitação cardiopulmonar devem estar prontamente disponíveis.
Posicionamento e colocação do tubo
Após
20 segundos da infusão sequencial das drogas, o médico deve posicionar o
paciente para alinhar os principais eixos. A cabeceira deve estar a zero grau.
Em seguida, realizar a laringoscopia e introduzir o tubo. Após a visualização
da passagem pelas cordas vocais, o fio guia pode ser retirado. Na maioria das pessoas, o número 22 do tubo na altura da rima labial
está adequado.
O uso da pressão cricoide (manobra de Sellik) é controverso, pois se a força aplicada não for suficiente não se previne o refluxo gástrico e a manobra não é isenta de riscos. Se realizada de forma incorreta, pode prejudicar a laringoscopia.
Pós-intubação
Após a confirmação da intubação, o balonete deve ser inflado e o tubo, fixado. Solicitar a radiografia de tórax, colocar o paciente em ventilação mecânica e avaliar os sinais vitais do paciente, pois a hipotensão é comum após a intubação.
O uso da pressão cricoide (manobra de Sellik) é controverso, pois se a força aplicada não for suficiente não se previne o refluxo gástrico e a manobra não é isenta de riscos. Se realizada de forma incorreta, pode prejudicar a laringoscopia.
Pós-intubação
Após a confirmação da intubação, o balonete deve ser inflado e o tubo, fixado. Solicitar a radiografia de tórax, colocar o paciente em ventilação mecânica e avaliar os sinais vitais do paciente, pois a hipotensão é comum após a intubação.
Conclusão
A intubação orotraqueal é um procedimento comum
e que gera certa ansiedade na prática médica. O êxito do procedimento depende
do adequado preparo do ambiente, do paciente e da equipe médica. É importante
lembrar que os métodos devem ser adaptados a cada tipo de paciente, e que o
profissional mais experiente deve estar sempre no comando da situação
utilizando-se das técnicas que possui maior habilidade, visando assim o sucesso
do procedimento.
Referências
1. Tallo, F. S. et al. Intubação orotraqueal e a técnica da sequência
rápida: uma revisão para o clínico. Ver Bras Clin Med. São Paulo, n, 9, n.3, p
211-7, 2011.
2. Daniel G et al. Rapid sequence intubation in the emergency
department. The Journal of Emergency Medicine, volume 13, Issue 5, September–October 1995, Pages 705-710.
4. Sellick
BA. Cricoid pressure to control regurgitation of stomach contents during
induction of anaesthesia. Lancet 1961;2:404-406
5. Vianna PTG, Ganem EM, Takata I. Avaliação
comparativa do tempo de latência da succinilcolina e do rocurônio Rev Bras
Anestesiol 1996;46:(Suppl):147